terça-feira, novembro 12

Médico vereador é preso suspeito de abuso sexual contra pacientes em SP

Segundo o promotor à frente do caso, após a denúncia de uma paciente, outras mulheres também relataram terem sido vítimas do profissional

A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva do vereador e médico ortopedista Laerte Fogaça, por ele ser suspeito de abusar sexualmente de pacientes em unidades de saúde que atuava em diferentes cidades do interior paulista. O parlamentar e também profissional da saúde está sendo investigado pelo crime de violação sexual mediante fraude.

Segundo a Polícia Civil informou ao Terra, o médico, que também que é vereador em Ituverava, foi capturado na tarde desta quinta-feira, 1º, após se apresentar na Delegacia de Igarapava. Em seguida, foi encaminhado à uma unidade carcerária da região, permanecendo à disposição da Justiça.

À reportagem, o promotor à frente do caso, Paulo Augusto Radunz Júnior, explicou que o suspeito já havia sido preso em flagrante no consultório no último dia 24, após uma paciente denunciá-lo logo depois de sair de uma consulta no Hospital dos Canavieiros. “Essa paciente saiu do consultório e foi direto para delegacia. O delegado me relatou que ela chegou em estado de choque”, explicou. 

O médico, no entanto, havia sido solto em audiência de custódia mediante pagamento de fiança de R$ 40 mil e determinação de medidas cautelares, como não mudar de endereço e não atender pacientes mulheres no consultório – com exceção de casos de urgência ou emergência.

O Ministério Público de São Paulo então recorreu da decisão e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em caráter liminar, decretou a prisão dele nesta quinta-feira, data em que voltou a ser preso. 

Segundo o promotor, após a primeira denúncia, outras mulheres também relataram terem sido vítimas de abuso sexual por parte do médico. “Agora ele responderá ao processo preso preventivamente. No dia em que foi preso pela primeira vez [24 de maio], assim que o caso repercutiu na mídia local, muitas mulheres começaram a se manifestar nas redes sociais relatando também terem sido vítimas dele, Inclusive, esse foi o motivo para eu ter pedido que ele continue preso. E várias mulheres já procuraram a delegacia para prestar queixa formalmente”, explica. 

Conforme explica o promotor, o médico atuava em Igarapava, Guará e também Ituverava – onde é vereador. “Inclusive, já existe um inquérito policial por fatos semelhantes acontecidos em 2020, em Guará, que é uma cidade há cerca de 40 quilômetros de Igarapava. Uma mulher o denunciou, só que na época não houve a prisão do médico”, informou.

As denúncias seguem agora sob a investigação da Polícia Civil. 

Paciente gravou rosto de médico 

Uma das pacientes que relatou ter sido abusada pelo médico chegou a gravar um vídeo para mostrar quem era o profissional que fazia as consultas fora do padrão. Na gravação, divulgada pela EPTV, da TV Globo, ela aponta a câmera para ele e inicia o diálogo:

Paciente: “Deixa eu te perguntar, sexta-feira, você lembra de mim?”

Médico: “Lembro!”

Paciente: “Você lembra que tentou passar o seu pênis em mim né?”

Médico: “Eu? Não.”

Paciente: “Você lembra! Você lembrou! Eu sai daqui tão constrangida, que você achou que eu ia esquecer.”

Médico: “Eu?”

Paciente: “Só que você mexeu com a pessoa errada. Eu só não consegui falar, porque eu travei. Mas, eu vou tomar providência.”

Médico: “Minha querida, eu só te examinei aqui.”

O Terra entrou em contato com o advogado do médico, mas não obteve nenhum retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações. 

Câmara instaurará processo disciplinar 

Por meio de nota, a Câmara Municipal de Ituverava informou que diante da notificação formalizada pelo delegado responsável pelo inquérito, efetivada no dia 31, o presidente da Casa imediatamente acionou a Comissão de Ética, que irá instaurar processo disciplinar visando a cassação do mandato do vereador por falta de decoro na sua conduta pública.

A Câmara destacou que será resguardada a ampla defesa e o contraditório, nos termos do Regimento Interno e Código de Ética da Casa. “O vereador será afastado durante o procedimento, seguindo rigorosamente o Código de Ética da Câmara e ao final da instrução poderá ter seu mandato cassado”, acrescentou.

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